Até dois milhões de novas infecções por HIV ocorrem anualmente em todo o mundo. Como não há vacina eficaz para prevenir a transmissão do HIV, são necessárias estratégias comportamentais e biomédicas para reduzir a transmissão do HIV. A profilaxia pré-exposição (PrEP) usando medicamentos antirretrovirais pode reduzir o risco de transmissão do HIV em mais de 90% em pacientes com alto risco de contrair o HIV, dependendo do nível de adesão.
Em geral, a PrEP é recomendada para as populações prioritárias:
gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSHs)
pessoas trans
profissionais do sexo
pessoas em relacionamento sorodiferente
pessoas que usam drogas
pessoas com frequência elevada de relações sexuais sem preservativo (anais ou vaginais)
pessoas com elevada quantidade de parcerias eventuais
pessoas que fazem uso repetido de PEP
pessoas com episódios de ISTs
A combinação de tenofovir com emtricitabina (TDF/FTC) é eficaz na redução de novas infecções pelo HIV quando administrado, uma vez ao dia, enquanto persistir o risco de infecção. Abordagens de dosagem alternativas, como terapia sob demanda, podem ser uma opção para certos pacientes que podem prever com segurança quando farão sexo sem preservativo. As duas abordagem já foram aprovadas para uso no Brasil, no entanto, a PrEP sob demanda só é recomendada para gays, HSHs e mulheres trans que não fazem uso de hormônios.
A PrEP deve ser fornecida em conjunto com o aconselhamento sobre outros métodos de redução de risco para proteção máxima. O monitoramento de rotina para adesão e segurança é importante para pacientes que usam PrEP. Isso inclui testes regulares para HIV e triagem abrangente para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Pessoas com exposição de risco recente, sobretudo nos últimos 30 dias, devem ser orientadas quanto à possibilidade de infecção, mesmo com resultado não reagente nos testes realizados. Na presença de sinais e sintomas de infecção viral aguda, deve-se realizar um exame de carga viral para HIV. Caso seja confirmada a infecção pelo HIV, a PrEP não está mais indicada.
A PrEP deverá ser interrompida nos seguintes casos:
Diagnóstico de infecção pelo HIV
Desejo da pessoa de não mais utilizar o medicamento
Mudança no contexto de vida, com importante diminuição da frequência de práticas sexuais com potencial risco de infecção
Persistência ou ocorrência de eventos adversos relevantes
Baixa adesão à PrEP, mesmo após abordagem individualizada de adesão.
Caso tenha ocorrido relações sexuais com potencial risco de infecção pelo HIV, recomenda-se, antes da interrupção da PrEP, que o usuário mantenha o uso da profilaxia por um período de 28 dias, a contar da data da potencial exposição. Apenas no caso de usuário HSH cis pode-se diminuir esse período para 2 (dois) dias.
Fonte: UpToDate e Ministério da Saúde